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sexta-feira, 3 de junho de 2011

MACARRONE

(Dedicado ao Vladi).

No vale vasto
Tremulam ramos encoroados
Do mais tenro trigo

A máquina trituradeira
Mói os grãos
Que do chão foram recolhidos

Uma farinha branca na fábrica
Transformada em massa
Onde máquinas fiandeiras
Tornarão a pasta
fios quase cristalizados

Já dentro do supermercado
Será pelo caixa registrado
A saída e o preço
Daquele produto, naquele dia

... uma água fervente
cozinhará seus fios amarelados
e ao molho vermelho serás juntado

na mesa serás servido
pelo cozinheiro mor*, o chef de improviso
e ao ser provado
pela minha boca
instante de bom bocado
paraíso do prazer
só por isso eternizado
vida de amigo
parabéns meu jovem

MAAA QUE BÉÉLO MACARRONE!

CANÇÃO PERDIDA

UMA BOCA
UM PEIXE DENTRO DELA
ENTÃO
UM NAVIO NO CENTRO
UMA BOCA DENTRO DELE
PRESTEZA DE INVENTO

DOIS CORPOS, TENS,
NUM ÚNICO INTENTO
VERSO, BOCA DENTRO
LUA BROWN NOITE TOWN
CANTO
CANTIGA
CATAVENTO

Breve canção do fim

Não fui suficientemente belo
Para conquistá-la
Pra formar um elo
Entre a minha e a alma tua

Não compreendo a realidade
Em que se situa
Deus no feminino
Hino de louvores vãos
Por quanto esperei
No mais escuro da sombra?

Sobre o muro do jardim do Éden
Contemplo o céu que nada tem
Nenhum astro, nenhum asteróide
Nem satélite algum que me traga
Notícias tua.

Não fui suficientemente galante
Perfumado, envolvente
E me escapas pelas mãos
Quando, justamente, tentava te prender
Pelos dentes, carentes.

Mas tempo nenhum , hora nenhuma
Essa nossa
Do desapego, do desterro
Da desesperança em nós.

Não fui suficientemente belo.
Então descubro-me assim
Como num jogo de dados
Em que por pontos
Sou derrotado, exterminado
Da lista riscado
E no mais sujo do lixo jogado
E fim de jogo, recolham os dados.

CONCLUSÃO

E POR QUE ACABAR
O QUE AINDA NÃO COMEÇOU
SE TEUS PEITOS EM MINHAS MÃOS
ESCAPAM
MAS TUA BOCA ENTRE MEUS LÁBIOS
ESTÃO
NÃO TEM FIM O QUE NÃO COMEÇA
SÓ O QUE SE REVEZA EM
LUZ E ESCURIDÃO
DOCE E AMARGO
FRIO E CALOR
CHAMA DE OPOSTOS
ENVOLVENTE ENTRE
QUE SOBRE A CAMA
DELICADAMENTE
EXPÕE-SE EM JOGOS E SE DÁ
SEM MEDO
POIS NÃO TERMINA
O QUE EM NÓS COMEÇA.
EU HAVIA JURADO NÃO ENTENDER
NÃO ENALTERCER SEU JEITO ESCURO
VELADO
OCULTO
DE SER MULHER
DAMA QUE SE INTUE E INSINUA
ASSIM MESMO, NUA.
E DOIS MIL VERSOS DA AURORA
CHAMA-SE DAMA, FÊMEA,MULHER
O QUE TENHO AO LADO
PELO MENOS NESTA HORA.

Cafés Num Café Movie (trecho)

A porta se entre abriu e eu disse pra ela entrar pois ficar ai parada na porta não vai resolver nada. As soluções não chegam assim de repente, afinal a estas horas da madrugada quase nada se move e não podemos fazer nada. Eu sempre gostei deste meu “nada se pode fazer” por que é uma mistura de indecisão com certeza que eu nunca tenho nestas horas. Ela permaneceu ali parada na porta. O carro afastava-se ao longe na estrada que da cama com o aberto da porta eu avistava . Esta cidade está mesmo virando um caos, daqui a pouco passam uma rodovia bem dentro deste quarto, e a minha cama ficará no canteiro central da estrada. Fico imaginando os carros passando dos dois lados em volta da minha cama e eu tentaria dormir entre o ronco de um motor e outro. Eu ria e ao mesmo tempo olhava para ela. O auto posto na esquina abaixo e suas luminárias de neon incandescentes tremeluziam na névoa fria da madrugada e Betsie com sua maquiagem desgastada e seu ar de preocupação, indicava que não havia nada a fazer, seus gestos vagos e sua incompreensão da presente cena da realidade que estava vivenciando. Que foi? Vai ficar aí parada minha linda, dizia eu pra ela; vem pra cá, a noite ainda custa a terminar, afinal de contas os cobertores ainda estão aquecidos e você pode pegar um resfriado nesta corrente da manhã que vem chegando. Aliás eu não sei bem porque passamos a noite quase em claro, quase sem pregar o olho. Isso faz parte da idade, alguém diria, velhos não dormem tanto. Betsie vai,(...)