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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

E a tarde canta

OH TARDE DA ÁFRICA
ONDE NÃO FUI
MAS VI PELA T.V.

MULHER NEGRA AO SOL
TURBÃ SOB NTEMA FLORIDO
BEIÇO RELUZENTE QUE ENCANTA
FILHO NA CACUNDA

E A TARDE CANTA.

OH TARDE DA ÁFRICA
ONDE NUNCA FUI
MAS VI PELA T.V.

ARIDEZ DO CHÃO
POEIRA EM TUFÃO
RISO, CARA, SOL PLANTA

E A TARDE CANTA.

OBÁ DE OBÉ
Ô HUM...
BISI, MENINA
VASO DE ÁGUA NA CABEÇA
GIRAFA ACOLÁ, ANTA
E A TARDE CANTA.

QUE DIA É HOJE?

HOJE É DIA DE RENUNCIAR
À TUDO E À TODOS
SAIR DO COTIDIANO
M E D I A N O
E VER COM OLHOS DE GARGARIN
A TERRA BOLA AZULADA.


HOJE É DIA DE ESQUECER
O QUE SE FOI ATÉ ENTÃO
DESPREGAR DAS PRESAS E
ARRANCAR NUM GESTO BRUSCO
ESTE MÚSCULO CONVULSO
E ATIRÁ-LA AO CHÃO.


VEJAM NO ALMANAQUE
OLHEM NA FOLHINHA
VERIFIQUEM O CALENDÁRIO
QUE HOJE É DIA DE DESPRENDER
DO HOMEM SUAS AMARRAS
QUE SÃO CRENÇAS
QUE SÃO DOGMAS
QUE SÃO TARAS
MESQUINHARIAS DO EXISTIR.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

blood

Minha poesia sangra
sangra meu pensamento
e não é de dor
sangra o sol
ali na frente
e eu
entre desejos e vontades
buscas e aparatos
promovo o que não seria
A Era que via
a via por onde esvai
O sangue e o suor
esconrrendo com palavras
como se um negasse o outro
Suor dos dias

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

IMPOTENTE

OU NASCER PARA MORRER.


É O PAI, NA FAIXA DE GAZA
NA CISJORDÂNIA,
TENDO O FILHO DE POUCA IDADE
ALVEJADO POR UM TIRO
DE METRALHADORA ASSASINA.

CHOQUES ISRAEL-PALESTINOS
MATAM MAIS 19.
PALESTINO BEIJA SUA FILHA DE
18 MESES
SARA, ANTES DE SER ENTERRADA
NABLUS (CISJORDÂNIA)
“NASCER PARA MORRER”
TALVEZ UMA QUESTÃO CULTURAL
ESSE RETRATO DA MORTE
QUE HORA SE APRESENTA
TALVEZ UMA QUESTÃO DE ETINIA
ESSE QUADRO DE HORROR
DE DOR QUE INVADE NOSSOS OLHOS
EM FORMA DE NOTICIÁRIO.
OS LIVROS DA SABEDORIA HUMANA
DAS CIÊNCIAS HUMANAS, POR ASSIM DIZER,
SERÃO FECHADOS PARA SEMPRE
E A BARBÁRIE VAI IMPERAR.
ESSA É A REGRA DO JOGO
ENTÃO ESTAMOS TODOS ESTRESSADOS,
DESESPERANÇOSOS
PRECISAMOS DE FREUD
PRECISAMOS DE NOSSO PAI
PRECISAMOS DE NOSSA MÃE
DELE A MÃO SEGURA
DELA O ÚTERO QUENTE
E NÃO ADIANTA LAMENTAR-SE

IRA CONTIDA, EM VÃO.
QUIETUDE PLENA, ILUSÃO.
TIROS TILINTAM NO JORNAL DA TV
A SOPA LOGO SERÁ SERVIDA
E UM CORAÇÃO DE POETA
ENTRE A TAQUICARDIA DO AMOR
LAMENTA O SOL
QUE ENSISTE EM BRILHAR
SOBRE A POEIRA, O CAOS.
PALESTINOS ARREMESSAM PEDRAS
CONTRA TROPAS ISRAELENSES
NO CONFLITO EM RAMALLAH
ONDE ALGUNS PALESTINOS, ÁRABES
E JUDEUS TOMBAM PELA CAUSA.
HÁ SEMPRE UMA CAUSA.
HÁ SEMPRE UM MOTIVO
NESTE CICLO SEM SENTIDO
NASCER PARA MORRER
OU SERÁ MELHOR
NEM NASCER.
Ah, quem sabe do deserto lunar
Ecoe em vão o som da palavra
Paz..

Poeta, um clamor.

Hei, poeta!
Dá-me um pouco de tua poética
Sem fios,
Da vertente sonora
Do teu mais complexo buscar
Nas escolas literárias, uma saída
Na musicalidade, um pulsar.

Hei, poeta!
Dá-me um pouco de oxigênio
Pela boca
E dos póros faça-me inflar o pulmão,
Como quem se expressa na pressa
Sentidos sentimentos, ora essa,
Porque não?
E que movem o inanimado
E desperta o distraído
Recompõe dos esquecidos
O furor de uma Nação.

Hei, poeta!
Queres me dizer de uma vez
Uma ou duas palavras
E que na insensata embriaguez
Possa eu mastigá-las
E por acaso e num breve instante
Ora, ora
Ver, das trevas profundas
A mais brilhante aurora.


Hei, poeta!
Ouça bem o que lhe digo
E se escrevo em palavras
Neste endereçamento inexato,
busco contato contigo
Poeta!
Personagem da pura imaginação
De idealização.


Hei, poeta!
Dá-me aquilo que não cessa
Futurologias
Planetas inabitados
Siber conexões
Claves, apoio
Notas musicais

Hei, poeta!
Por que não ouves meu pedido,
Uma vez mais,
Eu leitor aturdido
Carente de rimas quentes
E de métrica tão irregular
Qual ar
Conspirações absurdas
Contradições obtusas
Preleções sem sentido

Hei, poeta!
Atenda ao meu pedido.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

VEJO-TE TÃO FEMININA

Cuidando das tuas coisas,
Guardando algumas peças de roupa:
Toalha, meia, calcinha.

Vejo-te tão menininha
Apesar do tempo já marcar a tua face,
E tuas coxas não serem tão roliças
Como antigamente.

Estais aqui na minha frente.
Mulher, fêmea, presente.
Completando todos os meus momentos,
Realizando os desejos que eu, quase humano, tenho.

E se é porque te beijo assim mil vezes,
O maior dos desejos seria eternizá-la;
Pelo menos em minha mente.
Como isto, não creio possível,
Deixo então, contigo, meu humano amor
E que ele fique gravado
Nos autos do eternamente.

Papel

Caneta; oba!
Agora eu me vingo
E finco nele
Futuras idéias
Qual verdades científicas
que certificam previsões
Conclamadas visões
Grifo, silvo

Na SELVA das formas
Na máfia dos sons
Me perco sem endereço
Pateons das poesias pregressas
Desarticuladas métricas
Moinhos de tintas
Tontas tonalidades
Verdades!!!

UM GOSTO

De palavra na boca.
Um rosto que se instaura na tela
Sois bela, sois bela.

Quero afinal a tarde
Entre gerânios e credos
Solfejas pois, nua no salão vazio.

Mãos atadas ao labor
Decorrem versos e por si, dor
Poeta de profissão
Respira fundo num fulgor
E vaga com a lua pálida lá fora
Nos céus da tarde.

Quer o fogo
E ao mesmo tempo paz
Tanto faz,
Guerras, fogo, acordo
Dança consigo mesmo
A sombra
Deixar estar num avermelhado
Inexplicavelmente belo.