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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pensando...

Dia desses estive pensando com meus botões, quem será que inventou o termo “felicidade” e ao mesmo tempo pensando com os mesmos botões da blusa velha, o desafio que nos é ser feliz. Um tempo, ainda na adolescencia eu cria que quando a gente era feliz de alguma maneira ficávamos individados com a vida. Esse “grilo” durou anos na minha cachola e rendeu umas canções até, mas depois isso passou, ainda bem. Tem uma canção, que não lembro o autor diz: ser feliz, o melhor lugar é ser feliz, o melhor é ser feliz. Mas, my god, como ser feliz nos dias atuais, com a violência não só urbana, mas nos campos também, de trigo ou de futebol, com a desigualdade social que permeia séculos e a subordinação, a subjugação, os desejos sublimados. Ufa. ....É tanta, essa demagogia é tamanha, como dizia o poeta Mário de Andrade, ao se referir ao nosso, hoje esgoto da cidade, o Rio Tietê. Buscamos a fé e a fé foge de nós justamente porque Deus talvez se canse de todos nós, feche o paraíso e vá dar uma volta em outras esferas estelares que não a nossa. O Hubble provou isso de distâncias em que passeia pelo além das galáxias conhecidas por nossa vã sabedoria, por que não. E ficamos aqui sós, essa multidão humana isolada entre ocenaos ora se explodindo, ora se atirando ora cometendo crime na mais bucólica e póetica intimidade de uma cozinha ou sala de aula. Cê tem uma solução pra tudo isso? Salva-nos a poesia, a música, a arte e devemos urgentemente trazer tudo isso pra dentro de nossa cabeça, pra que povoem o nosso sangue e nos transforme urgentemente em algo aproveitável, digno de propagação, expansão, multiplicação. Eu não quero voltar ao útero da mãe Terra eu creio que com seus exemplos a mãe Terra nos ensinou e nos ensina a sermos mais naturais sim, reais, palpáveis, sermos porque não humanos melhorados, refeitos, recriados, recauchutados. Humanos humanos onde essa Humanidade faça sentido para continuar existindo. Para que a mãe terra não fique brava conosco e nos mande logo à ponte que caiu, com maremotos, tsunamis, terremotos ou seja lá o que for de revolta do clima e da terra para nos dizimar de vez. Concorda?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VOCÊ POR PERTO



FOGUEIRA ACESA
VOCÊ DISTANTE
GELEIRA DESCABIDA
FALTA O SOM DA TUA VOZ
TEU OLHAR, TEU AR, TEU HÁLITO
TEU SUOR EM MIM
TE QUERO ASSIM, POR PERTO
GRUDADA ATÉ O FIM
POIS TUDO TEM
E NÃO SOMOS NÓS
QUEM QUEBRARÁ ESTA LÓGICA

Lembro do moleque
Feito criança a exercitar músculos
Em instantes de nada fazer.

“o João Vieira de Almeida”
com seu toque de recolher
no começo da aula um sinal,
filas e filas no pátio e
o Hino Nacional.

A minha miopia acentuada
Tudo em si, quase um nada:
As primeiras letras,
O alfabeto por fim
As primeiras palavras, sons sentidos
Zunidos, gritos.
Lembro daquele lugar.
Lembro-me
Descendo a ruela de terra
Sou tanto eu aos sete
Olhando o rio volumoso
Rio caudaloso
De pequenas embarcações
Sou tanto eu aos sete
Sentindo o sexo
Entre as coxas
Nave do que sou
De nada, do tempo
Lembro.
Lembro-me
Na aurora
Num raiar das horas
Aos doze tão existencial
Como aos vinte
Antes dos trinta
Tão nunca, tão nada
Eu, nuvem, raio
Neve, nave
Dormência de dedos meus
Assim no tempo
Lembro.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

MACARRONE

(Dedicado ao Vladi).

No vale vasto
Tremulam ramos encoroados
Do mais tenro trigo

A máquina trituradeira
Mói os grãos
Que do chão foram recolhidos

Uma farinha branca na fábrica
Transformada em massa
Onde máquinas fiandeiras
Tornarão a pasta
fios quase cristalizados

Já dentro do supermercado
Será pelo caixa registrado
A saída e o preço
Daquele produto, naquele dia

... uma água fervente
cozinhará seus fios amarelados
e ao molho vermelho serás juntado

na mesa serás servido
pelo cozinheiro mor*, o chef de improviso
e ao ser provado
pela minha boca
instante de bom bocado
paraíso do prazer
só por isso eternizado
vida de amigo
parabéns meu jovem

MAAA QUE BÉÉLO MACARRONE!

CANÇÃO PERDIDA

UMA BOCA
UM PEIXE DENTRO DELA
ENTÃO
UM NAVIO NO CENTRO
UMA BOCA DENTRO DELE
PRESTEZA DE INVENTO

DOIS CORPOS, TENS,
NUM ÚNICO INTENTO
VERSO, BOCA DENTRO
LUA BROWN NOITE TOWN
CANTO
CANTIGA
CATAVENTO

Breve canção do fim

Não fui suficientemente belo
Para conquistá-la
Pra formar um elo
Entre a minha e a alma tua

Não compreendo a realidade
Em que se situa
Deus no feminino
Hino de louvores vãos
Por quanto esperei
No mais escuro da sombra?

Sobre o muro do jardim do Éden
Contemplo o céu que nada tem
Nenhum astro, nenhum asteróide
Nem satélite algum que me traga
Notícias tua.

Não fui suficientemente galante
Perfumado, envolvente
E me escapas pelas mãos
Quando, justamente, tentava te prender
Pelos dentes, carentes.

Mas tempo nenhum , hora nenhuma
Essa nossa
Do desapego, do desterro
Da desesperança em nós.

Não fui suficientemente belo.
Então descubro-me assim
Como num jogo de dados
Em que por pontos
Sou derrotado, exterminado
Da lista riscado
E no mais sujo do lixo jogado
E fim de jogo, recolham os dados.

CONCLUSÃO

E POR QUE ACABAR
O QUE AINDA NÃO COMEÇOU
SE TEUS PEITOS EM MINHAS MÃOS
ESCAPAM
MAS TUA BOCA ENTRE MEUS LÁBIOS
ESTÃO
NÃO TEM FIM O QUE NÃO COMEÇA
SÓ O QUE SE REVEZA EM
LUZ E ESCURIDÃO
DOCE E AMARGO
FRIO E CALOR
CHAMA DE OPOSTOS
ENVOLVENTE ENTRE
QUE SOBRE A CAMA
DELICADAMENTE
EXPÕE-SE EM JOGOS E SE DÁ
SEM MEDO
POIS NÃO TERMINA
O QUE EM NÓS COMEÇA.
EU HAVIA JURADO NÃO ENTENDER
NÃO ENALTERCER SEU JEITO ESCURO
VELADO
OCULTO
DE SER MULHER
DAMA QUE SE INTUE E INSINUA
ASSIM MESMO, NUA.
E DOIS MIL VERSOS DA AURORA
CHAMA-SE DAMA, FÊMEA,MULHER
O QUE TENHO AO LADO
PELO MENOS NESTA HORA.

Cafés Num Café Movie (trecho)

A porta se entre abriu e eu disse pra ela entrar pois ficar ai parada na porta não vai resolver nada. As soluções não chegam assim de repente, afinal a estas horas da madrugada quase nada se move e não podemos fazer nada. Eu sempre gostei deste meu “nada se pode fazer” por que é uma mistura de indecisão com certeza que eu nunca tenho nestas horas. Ela permaneceu ali parada na porta. O carro afastava-se ao longe na estrada que da cama com o aberto da porta eu avistava . Esta cidade está mesmo virando um caos, daqui a pouco passam uma rodovia bem dentro deste quarto, e a minha cama ficará no canteiro central da estrada. Fico imaginando os carros passando dos dois lados em volta da minha cama e eu tentaria dormir entre o ronco de um motor e outro. Eu ria e ao mesmo tempo olhava para ela. O auto posto na esquina abaixo e suas luminárias de neon incandescentes tremeluziam na névoa fria da madrugada e Betsie com sua maquiagem desgastada e seu ar de preocupação, indicava que não havia nada a fazer, seus gestos vagos e sua incompreensão da presente cena da realidade que estava vivenciando. Que foi? Vai ficar aí parada minha linda, dizia eu pra ela; vem pra cá, a noite ainda custa a terminar, afinal de contas os cobertores ainda estão aquecidos e você pode pegar um resfriado nesta corrente da manhã que vem chegando. Aliás eu não sei bem porque passamos a noite quase em claro, quase sem pregar o olho. Isso faz parte da idade, alguém diria, velhos não dormem tanto. Betsie vai,(...)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Aos pedaços no Cairo

Temia eu um dia
Ter o sentimento
Que agora em meu peito
Se instaura

Me sinto
Aos pedaços no Cairo
Balança enferrujada das horas
Pêndulo entumecido e estático
De Faucout

Temia eu essa instancia
De verbos no nada
De versos sem sentido
Do nada acontecido
E não mais uma dupla em ação
Ulisses vai para o Norte
Homero noutra direção

Quem me faltem as forças
Que ceguem-me os olhos a luz
Que eu fique em silêncio
No maior dos retiros
Pois estou sem rumo
Perdido na Abey Road.


Eu que vivi durante décadas
A beira do lago azul em Cantervill,
Hoje no deserto sem nome
Vejo fantasmas ao redor
E penso fugir de tudo
E de todos, talvez uma saída
Pro Alabama Grill.

Jogos

Por mais que eu estudasse
O significado de alguns
Jogos humanos
Jamais entenderia
Aquela que a frente da batalha
Se expõe de peito aberto
Se rende aos tiros do adversário
Como se não fosse possível
Omitir-se

Entra na arena e sente de perto
O bafejar dos tigres
Deus meus! Qual a questão em pauta
Jogo, complexo, jogo
Onde se quer chegar?
Nos dados e nas cartas
Que se põe sobre a mesa imaginária
Onde se expões inimigas
Opositoras mãos,
Então

Homero vai para um lado
Ulisses noutra direção
E no fundo escuro do poço
Ouve-se o eco de quem,
Evitando o lamento
Constata a verdade
Que hora se mostra
Nítida
Transparente em nós
Partilhados
E sós.

PeQuenAs LeTraS

E aquele medo de ser pego
as escondidas
onde o silencio impera
e nada se explica,
e dele mesmo ouço saírem
silvos vivos de sensações
De quem tocada por dentro, fremente
Geme e sente
No vale dos assombrados
ecoando tais canções
E até os monges que vivem
em cavernas, exilados
captam tais trinados
e com elas fundem mantras
e buscam resultados sagrados
Mas é apenas o amor, que as escondidas
Expressa na profundidade
Paraíso-Hades
Vida.


II

O lanche da tarde
Foi bela ao sol
Próximo da janela
Umas curvas inexplicáveis.

Vivas de encanto
Enquanto eu, santo
Anjo em pecado,
Sorvo delicias do teu pescoço
Seio, cintura, coxas
Que assimilo com os dedos

Deixando marcas na sua memória;
E como quem datilografa. Grafa.

Sorri o riso que negava
E faz-me poeta que pensou,
Tudo renunciara.

E pela rua cantando
Sairia anunciando
Primaveras no seu peito

Anja intocada
Não por nada,
Dá-me tua mão,
desejo
Somente a tua mão
E já basta
Um paraíso no beijo.

E derretido
Os nervos, as sensações
Em névoa cobre, zinco
Na quentura da fornalha
Que é a vaga tua
Onde evito,
Sem atrito,
Penetrar.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Buscapé Xangô ( de Lé Dantas e Cordeiro)

Buscapé calcanhar do avô
batendo palmas pra Xangô
Abara, mugunza, panelada no fogo
pião.
Todo asfalto pra chegar
A Rio Bahia levará
Para o Sul, Para o Sul
Paraná ô surubim vem cá
Vem...
Bela é Vista ha
Itabuna, Paraíso espiar
Cadaveres, ondulantes
Ferrugens nos metais
Ó cidade, tuas ruas
Sete pragas infernais
Edifica, petrifica
Massa humana mulambenta
se arrastando em bandos
nas cavernas onde automoveis
urram feito animais
Buscapé calcanhar do avô
batendo palmas pra Xangô,
Xangô, Xangô

terça-feira, 26 de abril de 2011

MENU HOSPITALAR

Na vasilha transparente
O líquido num branco pálido
Oculta a batata e as postas de frango
Que repousam no fundo
Junto aos temperos e legumes


Uma farinha de milho em flocos
Aguarda sua vez
Assim como o vinho
Colher e a boca pra degustar



O vinho é invenção minha
E o copo dágua
Supre esquecidas necessidades

A enfermeira sorridente
Instruída pelo hospital
Imagina-me por trás da máscara
Um paciente exemplar

Mas se a sopa a minha frente
A boca oculta desta princesa
Faz-me lua imaginar
Que esteja assim sorridente
Tem-me como seu pretendente
E não custa pra num repente
Um beijo eu lhe roubar.

Da série: as últimas horas do milênio:

Papel e papeis amontoados,
As vezes abandonados e
Blocos, cadernos, folhas,
Caderneta, bloquinho, agenda
Perdidas e sobra de folhas
Bordas de jornal, papel de embalagem de pão
De alguma padaria do Centro Velho
E tuas nádegas , tuas coxas
Meu delírio , os teus beijos
E ainda bem que existe
Esta hora que do milênio
É uma última, sem retrocesso
Como o progresso dos fatos
A evolução e a essência redundante
Do momento da descoberta da coberta
E teu corpo entre
E devaneios e silvos teus
Ainda bem que existe silêncio
Pra ser escutado, pra ser sentido
Pra ser envolvido por nossos
Gemidos poéticos com os últimos
Instantes do milênio
E ainda bem que existem canetas, lápis, pincel,
resultado de tintas
E atritos
Motricidade, idéias
Tarde através da janela
E calçada molhada refletindo
Cegamente o sol, luz, automóveis
E mãos de mulher.
Pessoas, mulheres, mãos lavando
E que existe água, panos, baldes
Limpeza de pele, superfície de brilhos intensos
De reflexos , de luz, de mulher
Lavando paredes, concretos,
E telefones e sons e o pessoas
Que chamam na tarde
E então, após devorar-te
Arte
Renasceria sem morrido Ter.

Leve

Um dia temos nome e endereço
E pro pib do país, um preço,
E formas, e idéias,
E saídas e entradas.



Um dia não temos nada,
Um corpo estagnado,
Um lugar demarcado.
E a fria terra dos assombrados.



Mens.in memória à Douglas Martins.

terça-feira, 19 de abril de 2011

penso

logo existo
logo resisto
logo insisto
logo

penso

Existo logo
resisto logo
insisto logo
penso

logo...

por mais que eu pense não entendo porque.

retrocesso

A pena suave
Deslisa sobre o papel
Déu em déu
Um riscado assim,
Uma voz de homem
Clama no jardim

Doce cadim de pausa
Num apedrejar
De letras
Eletrificadas

Resvale num vale
Teu charme ecumênico
Domenico instante
Segues adiante
Sem dar pistas
Nem explicação


Que palavras que eu diria
Autor atormentado?
Na tela
A outra face do insucesso
Voz de homem no processo
Verso
Retrocesso.

Masturbação frasal

Bom dia
Quê?
Vou indo
Porquê?
Eu e você.
Toma um café?
Agora é sua vez
Parece que vai chover
Outra vez?
Tá na hora
Evite falar
Você sabe o dia?
Não conte o pecado
Procura alguém?
Lado a lado
Onde que mora
Sim
Busco-te as oito, ok
Não
Onde vamos?
Dá-me tua mão
Chega logo?
Boa noite
Não faça cerimonia
Te amo.
Cai o pano

quarta-feira, 30 de março de 2011

Aos pedaços no Cairo

Temia eu um dia
Ter o sentimento
Que agora em meu peito
Se instaura

Me sinto
Aos pedaços no Cairo
Balança enferrujada das horas
Pêndulo entumecido e estático
De Faucout

Temia eu essa instancia
De verbos no nada
De versos sem sentido
Do nada acontecido
E não mais uma dupla em ação
Ulisses vai para o Norte
Homero noutra direção

Quem me faltem as forças
Que ceguem-me os olhos a luz
Que eu fique em silêncio
No maior dos retiros
Pois estou sem rumo
Perdido na Abey Road.


Eu que vivi durante décadas
A beira do lago azul em Cantervill,
Hoje no deserto sem nome
Vejo fantasmas ao redor
E penso fugir de tudo
E de todos, talvez uma saída
Pro Alabama Grill.

domingo, 27 de março de 2011

I like I do

sou anderground
neandertal que ouve e vê
alem do plano, num oceano
a nota da palavra.
por outro lado...
Que venham elas
a mesma nota dó

desse por convencido
que o cosmo será visível
quando lhe aprouver
que venham as songs, seu zé
e as sings:
I like Dilon e Links
e I sing a fink
Vejo...

Do meu retrovisor
visível o arsenal
sensorial no
contrasenso
e crível enquanto
a pena voa
Num lampejo revejo

e num deslize
o disco voador
Um discovoador
enquanto um
dinossauro passeia
no circo da palavra
ou melhor, do som dela.
um dinossauro
passeia no circo
I like I do.

storkterun

A fera suada

Acuada na mata
fruta mamada alada
ao gosto do gás que se exala
na sala na ala
na casa aguada
de chuva
de movie de nada
de Filmatografia
furada na folha da web
encurtada

20.l.011

Me chame

Me chame para não fazer nada
Neste fim de semana
Que eu fico contigo
Deitado na grama
Dentro da piscina
Na beira do mar
Em algum lugar do planeta da escrita
Da vida

Me chame para não fazer nada
Que seja restrito
Ao nosso incansável amor
Que mesmo nas horas tão vagas
Eu vago contigo
dentro do nosso amor

Me chame para não fazer nada
Neste fim de semana
Que eu fico contigo
Deitado na grama
Sentindo-me no deserto
Do Atacama

sexta-feira, 25 de março de 2011

um grito
um rito
um riso
e o tempo


um fato
uma busca
e um desencontro

tonto
eu sobre as eras
perdido no deserto dela
camelo do acaso
busco e não vejo
perco e desejo

Mas logo ando, caminho, navego
pelo que não sei
e conformado deixo-me levar
por sua tremenda
imprecisão


palavras, dicionários
arpões, vento
e o acaso
e sobre a mesa
a pressa no prato

e novamente
percebes que eu
poeta fingido
nas entrelinhas
declaro meu amor

OUTRA CANÇÃO

OLHO ENTÃO VOSSOS OLHOS
COM O OLHAR DE QUEM QUER VER
DENTRO, ALÉM DO CENTRO
DO EU DE ALGUÉM

NO ENTANTO FECHAS OS OLHOS
E CHORAS UMA ÚNICA LÁGRIMA
QUE QUER DIZER
TENHA PENA DE MIM TAMBÉM

MAS SENTIMENTOS A PARTE
A TINTA INVADE A TELA
DO QUE CHAMAMOS ARTE
AÇÃO ENTRE CORES E DESEJO
FORMAS E LAMPEJOS

DO PINCEL QUE DESLISA
NO IMPROVISO CAPAZ
DE TRANSFORMAR ALÉM DO MAIS
O DIA, A HORA, O TEMPO
A PALAVRA SOLTA
NO VENTO

E LÁ DE LONGE ALGUÉM
SEM NADA SABER
AMEAÇA SE ENVOLVER
E INETERCEDER
ENTRE A FORÇA E O CHÃO

ONDE VELAS ENTÃO
NOSSO GESTO
NOSSA INTROSPECÇÃO
DO DITAMOS AMOR
O SIMPLESMENTE
SOLIDÃO...

CABEÇA

Estava,
Estive
Com o umbigo perfurado
Por um dardo
Vazando ali
Das entranhas
Impurezas e do acaso,
Outro se não um vasto
Alo de cores frias
Escorregadias
Que perturbavam
A noite e o dia, entrelaçados.
Das horas que então...
Me ocorria o fato
De eu ter que despertar
Do pesadelo
Instaurado dentro dela.
E por não vê-lo
Além muro, além fronteira
Razão centro
Da perfuração por dentro
As cores, o torpor
Veio então o esgotamento
E por fim o desfalecimento
Dela,
Cabeça que atormentada dorme no nada.

IMPOTENTE

OU NASCER PARA MORRER

É O PAI, NA FAIXA DE GAZA
NA CISJORDÂNIA,
TENDO O FILHO DE POUCA IDADE
ALVEJADO POR UM TIRO
DE METRALHADORA ASSASINA.

CHOQUES ISRAEL-PALESTINOS
MATAM MAIS 19.
PALESTINO BEIJA SUA FILHA DE
18 MESES
SARA, ANTES DE SER ENTERRADA
NABLUS (CISJORDÂNIA)
“NASCER PARA MORRER”
TALVEZ UMA QUESTÃO CULTURAL
ESSE RETRATO DA MORTE
QUE HORA SE APRESENTA
TALVEZ UMA QUESTÃO DE ETINIA
ESSE QUADRO DE HORROR
DE DOR QUE INVADE NOSSOS OLHOS
EM FORMA DE NOTICIÁRIO.
OS LIVROS DA SABEDORIA HUMANA
DAS CIÊNCIAS HUMANAS, POR ASSIM DIZER,
SERÃO FECHADOS PARA SEMPRE
E A BARBÁRIE VAI IMPERÁ.
ESSA É A REGRA DO JOGO
ENTÃO ESTAMOS ESTRESSADOS
DESESPERANÇOSOS
PRECISAMOS DE FREUD
PRECISAMOS DE NOSSO PAI
PRECISAMOS DE NOSSA MÃE
DELE A MÃO SEGURA
DELA O ÚTERO QUENTE
E NÃO ADIANTA LAMENTAR-SE

IRA CONTIDA, EM VÃO.
QUIETUDE PLENA, ILUSÃO.
TIROS TILINTAM NO JORNAL DA TV
A SOPA LOGO SERÁ SERVIDA
E UM CORAÇÃO DE POETA
ENTRE A TAQUICARDIA DO AMOR
LAMENTA O SOL
QUE ENSISTE EM BRILHAR
SOBRE A POEIRA, O CAOS.
PALESTINOS ARREMESSAM PEDRAS
CONTRA TROPAS ISRAELENSES
NO CONFLITO EM RAMALLAH
ONDE ALGUNS PALESTINOS, ÁRABES
E JUDEUS TOMBAM PELA CAUSA.
HÁ SEMPRE UMA CAUSA.
HÁ SEMPRE UM MOTIVO
NESTE CICLO SEM SENTIDO
NASCER PARA MORRER
OU SERÁ MELHOR
NEM NASCER.
Ah, quem sabe do deserto lunar
Ecoe em vão o som da palavra
Paz..

Poeta, um clamor.

Hei, poeta!
Dá-me um pouco de tua poética
Sem fios,
Da vertente sonora
Do teu mais complexo buscar
Nas escolas literárias, uma saída
Na musicalidade, um pulsar.

Hei, poeta!
Dá-me um pouco de oxigênio
Pela boca
E dos póros faça-me inflar o pulmão,
Como quem se expressa na pressa
Sentidos sentimentos, ora essa,
Porque não?
E que movem o inanimado
E desperta o distraído
Recompõe dos esquecidos
O furor de uma Nação.

Hei, poeta!
Queres me dizer de uma vez
Uma ou duas palavras
E que na insensata embriaguez
Possa eu mastigá-las
E por acaso e num breve instante
Ora, ora
Ver, das trevas profundas
A mais brilhante aurora.

Hei, poeta!
Ouça bem o que lhe digo
E se escrevo em palavras
Neste endereçamento inexato,
busco contato contigo
Poeta!
Personagem da pura imaginação
De idealização.


Hei, poeta!
Dá-me aquilo que não cessa
Futurologias
Planetas inabitados
Siber conexões
Claves, apoio
Notas musicais

Hei, poeta!
Por que não ouves meu pedido,
Uma vez mais,
Eu leitor aturdido
Carente de rimas quentes
E de métrica tão irregular
Qual ar
Conspirações absurdas
Contradições obtusas
Preleções sem sentido

Hei, poeta!
Atenda ao meu pedido.

Papel

Caneta; oba!
Agora eu me vingo
E finco nele
Futuras idéias
Qual verdades científicas
que certificam previsões
Conclamadas visões
Grifo, silvo

Na SELVA das formas
Na máfia dos sons
Me perco sem endereço
Pateons das poesias pregressas
Desarticuladas métricas
Moinhos de tintas
Tontas tonalidades
Verdades!!!

Trindade por Leila

quinta-feira, 17 de março de 2011

UM GOSTO

De palavra na boca.
Um rosto que se instaura na tela
Sois bela, sois bela.

Quero afinal a tarde
Entre gerânios e credos
Solfejas pois, nua no salão vazio.

Mãos atadas ao labor
Decorrem versos e por si, dor
Poeta de profissão
Respira fundo num fulgor
E vaga com a lua pálida lá fora
Nos céus da tarde.

Quer o fogo
E ao mesmo tempo paz
Tanto faz,
Guerras, fogo, acordo
Dança consigo mesmo
A sombra
Deixar estar num avermelhado
Inexplicavelmente belo.

QUANDO RECUSAS UM BEIJO

Por simplesmente não querer
Ou por um motivo qualquer,
A sensação de perda do instante
Me toma o peito.

E na dúvida não sei se no beijo
O mais importante no ato fica sendo
O fato da conquista desta boca
Ante a recusa chora meu peito
Quietinho e desprotegido
Tenta me distrair, com a recusa
Um livro que não leio
Enquanto perdido, vejo:

Como num filme imaginário
Concluo um pensamento:
O meu anseio
E por vezes muitas, nele
Te beijo
E na pura imaginação cortejo
E tenho entre os braços
O prometido e desejado
Corpo.
Que agora constato e vejo
Que é meu.

A PROCURA

Procuro na sala
Tu não estas,
Procuro no quarto
Já passou por aqui.
Na cozinha;
As sobras da mesa denunciam:
Por aqui já passou.
E eu que vim aqui
Para dizer quero-te
E mais uma vez, te quero.
Mas no jardim nem sombra tua
No telhado o gato parado
(na leveza desse momento)
não verbaliza uma idéia de teu paradeiro
nem cá embaixo,
o cãozinho que transita pela casa, arfando
(como quem ladra pra mim)
perguntando:
- estas só?
- No que eu respondo de pronto:
- Sim.

E VEM COM A HORA

O poema de Delfos
A Lua e seus enigmáticos ares
Olhai o verso
Com o qual inscrevo
Nossas mais recônditas
E inenarráveis viagens


Vem com a hora
Um presente fugaz
Pesadelo.
Como se o segundo fosse único
Enredados no acaso
Qual fosse então um novelo
Não de linhas nem de lãs
Mas de idéias.


Vem com a hora
E é como se as palavras
Lavradas no nada,
Tudo quisessem dizer:
Rasura minha,
Um poema
Som, sou,
Ser.

ELA

Inscreveu-se como flor
Contornando minha pele
Perfumando tudo com seu odor.
e o que se revela
A partir do instante cor
Flor e flor
Sensualidade de uma Emmanuele;



Se a França aqui não é,
Que de sorte sois e sou
Em apenas um, nós,
Aura clara e germe.
Um precipício de dor
É o que nos impele
Por amor, amor.
Ao que em nós, se adere.


Vem-me então em glórias gotas
Um torpor,
Suave som suor
Quando o que chamamos
Seja o que for
Flor e flor
Em nós, olor
Lippia citriodora
Up to date for
Flora.

CONTUNDENTE

Dente,

Que morde a carne

Que sangra,

Escorrendo vermelho

Pelo tapete

Voador.


Naquela tarde

De pleno verão

Fora da cena,

Acena pra mim

outra mão.

Escorre então o sangue

e decorre do vôo

Impreciso

num decidido

Não.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Não havia nenhum Leão sentado na pedra

Então demos as mãos
Fizemos jus aos ditados
Corremos riscos
Brincamos no campo
Com a carne louca

E ela se prendeu
Aos dedos
Aos laços mantidos
Sedo ou tarde
Haveria de não ser

E nem se escrevesse
Um romance
Ou o roteiro

De um filme:

Não havia nenhum Leão sentado na pedra
Nem figura de linguagem
E eu, como um educador
Fora do seu tempo
Tentaria lhe descrever
O insustentável
Enquanto que você riria
Dizendo:
Esse “cara” tá maluco.

O real
Bate em minha cara
Com luva de pelica
No culto oculto fica
Quase lambe, suga, beija
Cegamente na noite, no paraíso
Não perdoa torpe
O corpo, o outro
O mix, a mistura
A saída pra envergadura perfeita

Viram?

Viram um sol por aí?
Um céu de abril
A resplandecer
A luzir?
Ante a admiração
Dos que passam?Um lar, aqui
Neste endereço vão
Um céu então,
Nuvem, um raio claro?

Substrato

O trato
Da canção
Que trato
Das interferências
Entre as interdependências
Tão salutares
Que agora jazem
No vazio



Ao longe
Onde ao lounge
Onde na fonte
Se não nascida
Nem na ida
Nem na volta
Distante, antes
Depois de tudo
Nalgum lugar

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

D ´ ARTE

A não arte
A balada que reparte
A dança e a bailarina
A dançar-te
Arte.
Obscura hora
Que antecede o ato
A aurora, a outra hora
Musorvalhada
No nada
Ante a catedral desmoronada
Na gótica sacada
Do pós guerra
Das horas
A mais enlutada
À parte
A bailarina banida
A balada que reparte
A despertar-te
Arte!

VAMOS?

JUNTAR NOSSOS CORPOS
NOSSOS COPOS, NOSSAS BOCAS
NO JARDIM?
MAIS JUNTAR NOSSOS OLHOS
NOSSOS ÓCULOS
NOSSOS PLANOS
AFINS?
VAMOS JUNTAR NOSSA CAMA
NOSSAS CHAMAS
NOSSO ÓBVIO
MAIS JUNTAR NOSSOS PLANOS
NJOSSOS DANOS
NOSSO ROUCO TUDO
NOSSO SILÊNCIO MUDO
NOSSO AMOR?

O PRISIONEIRO

AS VEZES
PARO EU A PENSAR
SE NÃO SOU UMA PESSOA LOUCA
COM OS BRAÇOS AMARRADOS
E OS LÁBIOS AMORDAÇADOS
IMAGINANDO A SUA VOLTA
PESSOAS, PERSONAGENS,
HISTÓRIAS, EMOÇÕES
ALGUMA CENA DE TEATRO
VIDA REAL
ENTÃO QUE SEJA,
PARO EU A PENSAR:
IMENSO MAR, A VIDA
DE CONTINENTES , PLANOS, PLANETAS
PERSONAS E SUAS HISTÓRIAS
POVOS, GENTES
E SUAS TANGENTES
SUAS DEFESAS.
AMORDAÇADO
AMARRADO À MESA
EU E MINHAS INQUIETAÇÕES
BASTOU UMA EXPLOSÃO
E TANTAS PRISÕES
PRISIONEIRO EU.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A TUA LUZ IMPERFEITA AQUELA LUZ DA MANHÃ QUE AO LADO MEU LADO SE DEITA E DIZ: O BABY SOU O TEU FÃ FIQUE COMIGO Ó BABY ATÉ AMANHÃ DE MANHÃ E ACEITE OS

BEIJOS DESSE QUE É O SEU FÃ

O PRISIONEIRO

AS VEZES
PARO EU A PENSAR
SE NÃO SOU UMA PESSOA LOUCA
COM OS BRAÇOS AMARRADOS
E OS LÁBIOS AMORDAÇADOS
IMAGINANDO A SUA VOLTA
PESSOAS, PERSONAGENS,
HISTÓRIAS, EMOÇÕES
ALGUMA CENA DE TEATRO
VIDA REAL
ENTÃO QUE SEJA,
PARO EU A PENSAR:
IMENSO MAR, A VIDA
DE CONTINENTES , PLANOS, PLANETAS
PERSONAS E SUAS HISTÓRIAS
POVOS, GENTES
E SUAS TANGENTES
SUAS DEFESAS.
AMORDAÇADO
AMARRADO À MESA
EU E MINHAS INQUIETAÇÕES
BASTOU UMA EXPLOSÃO
E TANTAS PRISÕES
PRISIONEIRO EU.

AAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!

ECOA
O RESTO
DE SÍLABA
NA TOCA
NO CANAL
HORA ABERTO
ENTRE AUTOR
E OUVINTE
AAAHHHH!
SILÊNCIO CLARO
ME DESCUBRA
ALI
AMORDAÇADA
Intocada idéia
Panfleto,
Folheto,
Planilha,
Palavra,
fio de meada
Entendimento
Incompreensão
Prisão
Silêncio.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CADERNO

TAÍ O MEU CADERNO
SOBRE A CÔMODA
ME ESPERANDO
TAÍ A VÍRGULA
A PAUSA
O SOM DA MINHA VOZ
TAÍ O QUE ESCREVO
NO CADERNO QUE REPOUSA
LARGADÃO
TOMANDO DA LUMINÁRIA
UM BANHO DE LUZ
QUE FAZ JUZ
AO SEU BRONZEAMENTO
DE CLARO CADERNO
ONDE ME REVELO
EM IDÉIAS.

NA MINHA FRENTE
ENTRE, ENTRE
UMA PALAVRA
QUERENDO TE DESCREVER
CORPO NA JANELA
ELA!
UM SEIO RARO
QUE BEIJO
UMA BOCA ABERTA
QUERENDO ME DEVORAR

IRONIA

IRONIA

O Mundo sepulta seus mortos
Todos os dias,
Uns dias mais
184840593-390478546584749473937839392330!

Noutros, um pouco menos.
Há violência nas regiões em conflito,
Sul do Paquistão e pra rimar
Egito.
Ah! Meu Deus, até quando?
Morrer, tudo bem,
Não temos texto para contestar
Argumentar contra esta, das verdades,
Única.
Não temos escolha
Mas é que entre o jantar posto,
O jornal
E as notícias que nos chegam
A morte por ideologia
Assola o planeta
E se fica um pouco impotente
E ironicamente fartado.

O AMOR

O AMOR
ENTÃO
ME FOI CANASTRÃO
SEM A MENOR GRAÇA
DESGRAÇA
ME DISSE ADEUS
NUMA ESQUINA QUALQUER DA VIDA
DE PRONTO
NADA ENTENDI
QUIS MORRER NA HORA
E NÃO MORRI
MAS SENTI
COMO PISOTEADO
AMASSADO
TRITURADO
O SENTIMENTO DO AMADO
DO QUERER
SER AMADO
DO CANASTRÃO AMOR
QUE ME PEGOU
E QUE A SEGUIR
SEM CERIMONIA
ME JOGOU
NUM CANTO
E DOSOLADO